Intervenção de Manuel Rodrigues (excertos)

«A via está aberta, o caminho<br>está traçado»

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(…) Comemoramos o centenário da Revolução de Outubro num tempo marcado pela profunda crise estrutural que o capitalismo está a viver. Um capitalismo causador de enormes desigualdades e injustiças sociais, explorador, predador e agressor, que representa enormes perigos e ameaças à própria sobrevivência da humanidade.

Assistimos, por outro lado, ao desenvolvimento e intensificação da luta organizada dos trabalhadores e dos povos em defesa de interesses de classe, de soberania, de desenvolvimento, pela justiça, pelo progresso e pela paz.

É nesta situação, cem anos depois da Revolução de Outubro, que estas comemorações adquirem um particular significado com previsível impacto na vida dos trabalhadores e dos povos. E é também por isso que as comemorações deste centenário serão conduzidas em dois sentidos divergentes e opostos. Uns, vão usá-las (já estão fazê-lo) para reescrever a história, descaracterizando, falsificando ou caricaturando a sua natureza, objectivos e projecto – o grande capital e a sua ideologia dominante – e outros, como nós, vão comemorar este centenário afirmando o socialismo como exigência da actualidade e do futuro. (…)

Não apagaremos da Revolução de Outubro o papel determinante e decisivo que nela tiveram o proletariado russo, o seu Partido de classe – o Partido Bolchevique. Não apresentaremos a Revolução de Outubro como obra de heróis individuais movidos por idílicas ou românticas visões da realidade e do futuro. Nem lançaremos anátemas sobre os seus intervenientes confundindo a crítica (a que cada um está sujeito) com a diabolização ou a criminalização para atingir a própria essência da revolução.

Não lhe retiraremos a central e decisiva dinâmica de massas, o papel de vanguarda do Partido Bolchevique e o valor e importância da teoria revolucionária do marxismo-leninismo, no seu desenvolvimento criativo, como instrumento insubstituível para interpretar e sobretudo para transformar o mundo. Não negaremos a sua natureza humanista e o carácter profundamente democrático das suas profundas transformações revolucionárias.

Não apresentaremos uma visão simplista, idílica ou romântica de fenómenos por natureza complexos. Analisaremos criticamente as extraordinárias realizações e avanços, que erros, recuos e derrotas não apagam. Retiraremos deles, isso sim, ensinamentos e valores para a luta que continuamos no presente pelo mesmo ideal. (…)

O PCP prossegue a sua acção

Num quadro em que se acentua a crise estrutural do capitalismo, o desenvolvimento da luta organizada dos trabalhadores e dos povos, a formação e reforço de partidos comunistas e operários, a elevação progressiva da consciência de classe, política e ideológica de grandes massas, a propagação das ideias do marxismo-leninismo, o alargamento da unidade e convergência de democratas e patriotas, o alargamento da luta anti-imperialista, a luta contra o racismo, a xenofobia e o fascismo, a luta pela paz são realidades, necessidades e objectivos que a classe dominante teme. (…)

Vale a pena reter a afirmação de Lénine: «Fomos nós que começámos esta obra. Quando, em que prazo, os proletários de tal nação a farão triunfar não importa. O que importa é que o gelo se quebrou, a via está aberta, o caminho está traçado»

Aprendendo com a Revolução de Outubro e com os caminhos que abriu, o Partido Comunista Português prosseguirá a sua acção, com os trabalhadores e com o povo, pela reposição, defesa e conquista de direitos, pela concretização duma política patriótica e de esquerda componente da democracia avançada vinculada aos valores de Abril que defendemos e indissociável da luta pelo socialismo e o comunismo.

Dizia Brecht, referindo-se a Hitler e ao nazi-fascismo, perante a euforia que acompanhou o fim da guerra: «isso que aí está esteve quase a governar o mundo/mas os povos dominaram-no./Não gostaria no entanto de ouvir o vosso canto triunfante/ porque o ventre donde isso saiu ainda é fecundo.»

Brecht tinha razão. Do ventre do grande capital emergem hoje, sob novas roupagens ideológicas, forças pró-fascistas, neonazis, de extrema direita, racistas e xenófobas. E manifestam-se igualmente sectores do capital que, demarcando-se do populismo, do proteccionismo e da extrema-direita, tudo fazem para branquear a imagem do capitalismo e esconder as consequências brutais da sua natureza exploradora, opressora, agressora e predadora. Uns e outros, por diferentes vias, anunciam que o futuro lhes pertence.

Por diferentes vias, como em Outubro, a luta organizada dos trabalhadores e dos povos anuncia o seu fim.

 



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